Carlos Carretto, um nome marcante na história da Igreja católica, nascido em Alexandria, na Itália, no ano de 1910, já falecido, deixou um enorme serviço prestado como evangelizador e sua lembrança nos faz senti-lo sempre vivo. Apesar de ter comovido grandes multidões, viveu longos anos de solidão. Trouxe do deserto do Saara, a experiência de um encontro pessoal com Deus. Extraordinário animador de Jovens, escreve a pedido deles, "deserto na cidade", uma obra que ensina como se fazer a experiência de deserto em meio ao barulho quase ensurdecedor das grandes metrópoles. Ele começa a obra dizendo assim: "E aqui estou eu respondendo a quem me pediu que o ajudasse a buscar na cidade a união com Deus, a intimidade com o absoluto, a paz e a alegria do coração, o invisível presente, a realidade divina, o Eterno. Vamos logo dizendo: não é nada fácil! Vivemos num século trágico no qual os homens, mesmo os mais fortes, são tentados na fé. É uma época de idolatria, de angústias, de medo; uma época em que o poder e a riqueza obscureceram no espírito do homem a exigência fundamental do primeiro mandamento da Lei: "Amarás a Deus de todo o teu coração..." Como vencer essas trevas que oprimem o homem moderno? Como enfrentar este demônio do meio-dia que ataca o fiel na maturidade da sua existência? Não hesito em dar uma resposta que experimentei na carne num momento difícil da minha vida: Deserto...deserto...deserto! Quando pronuncio esta palavra, sinto dentro de mim que todo o meu ser estremece e se põe a caminho, embora ficando materialmente imóvel no lugar onde se encontra. É a tomada de consciência de que é Deus quem salva; de que sem ele estou "na sombra da morte"; e que para sair das trevas devo lançar-me no caminho no caminho que Ele mesmo me indicar. É o caminho do Êxodo, é a marcha do povo de Deus da escravidão dos ídolos para a liberdade da Terra Prometida, para a luminosidade e a alegria do Reino. E isso através do "deserto". Esta palavra deserto é bem mais do que uma expressão geográfica que nos traz à fantasia uma região desabitada, sedenta, árida e vazia de presenças. Para quem se deixa penetrar pelo Espírito que anima a Palavra de Deus, "deserto" é a procura de Deus no silêncio, é uma "ponte suspensa" lançada pela alma enamorada de Deus sobre o abismo tenebroso do próprio espírito, sobre as estranhas e profundas fendas da tentação, sobre os princípios insondáveis dos próprios medos, que obstaculam o caminho para Deus. "Semelhante deserto silencioso é santo e é uma oração para além de toda oração que conduz à Presença contínua de Deus e às alturas da contemplação onde a alma, enfim pacificada, vive da vontade daquele que ela ama totalmente, absolutamente, continuamente...".
Carlos Carretto:
Deserto na cidade.
Carlos Carretto:
Deserto na cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário