quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Olhar Fraterno

Certa vez tive a felicidade de ler um depoimento que me trouxe inspiração para o que vou escrever a seguir. A vida me tem apresentado muitas peças que me faz refletir de várias maneiras. Uma delas é o seguinte. Tenho gastado muita sola de sandália nessa minha caminhada de Igreja e enquanto caminho, vou observando também o caminhar das pessoas, umas alegres, outras tristes, devagar, apressada, indo e vindo. Tenho ouvido muito, falado pouco, me sentido confortado na medida em que ofereço um pouco de conforto ao ouvi-las. Outro dia, cheguei numa comunidade das quais gosto muito de ir lá, comecei a falar com as pessoas e uma foi logo me dizendo das dificuldades e necessidades porque passam, fiquei sem saber o que lhe dizer, senti-me impotente, porém com uma grande vontade de poder fazer alguma coisa, mas ao mesmo tempo sabendo que não conseguiria passar de simples ouvinte. As coisas que escuto não passo a diante embora nunca me tenham pedido segredo, mas fico matutando comigo mesmo, como poderia ser bem melhor a vida das pessoas que olham pra frente em busca do melhor para o irmão com mais necessidade. Lembro-me de São Francisco de Assis que sendo jovem de família classe média, fez a opção pelos pobres de rua, foi morar com eles, sentir na pele o que é ser morador de rua. É impossível entender o problema do outro sem mergulhar no interior de sua problemática. A igreja traz na sua essência, a opção verdadeira pelos excluídos, aqueles que são desprovidos de qualquer tipo de bem material por isso mesmo vivem a margem da sociedade. O Papa Francisco, nos chega como uma luz inspiradora que nos faz refletir sobre a necessidade de se praticar a fraternidade verdadeiramente, estendendo a mão a quem precisa, repartindo o pão com o faminto, sobretudo os famintos e sedentos de justiça. Vivemos num mundo vazado pela idolatria do dinheiro, do poder, da vaidade, do individualismo da indiferença. Como diria Carlos Carretto, “será que no mundo de hoje, ainda há tempo espaço e lugar para se amar?” Imagino que o seio da comunidade é o espaço favorável para se discutir o tema e a partir daí, desenvolver ações que venha vigorar fraternidade entre os necessitados da própria comunidade, dessa forma, ser capaz de impactar luzes em toda a paróquia. Diác. Francisco Alves

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Igreja que as vezes faz sofrer mas que é instrumento de Salvação.

Eis um texto encantador de Carlos Carretto, escritor católico e Diácono de origem italiana. Palavras de profundo realismo e amor sobre a Igreja.

Como és contestável para mim, Igreja! E no entanto, como te amo.
Como me fizeste sofrer! E, no entanto, quanto te devo.
Gostaria de te ver destruída! E, no entanto, tenho necessidade de tua presença.
Deste-me tantos escândalos! E, no entanto, me fizeste compreender a santidade. Nunca vi nada de mais obscurantista, mais comprometida e mais falso no mundo! Mas  também nunca toquei em nada tão puro, tão generoso e tão belo.
Quantas vezas tive vontade de bater em tua cara a porta da minha alma! No entanto, quantas vezes orei para um dia morrer em teus braços seguros.
Não, não posso me libertar de ti, porque eu sou tu, mesmo não sendo completamente tu!
Além disso, aonde iria eu? Construiria outra?
Mas não poderia construí-la, senão com os mesmos defeitos, poque são os meus defeitos que levo para dentro dela.
E, se a construísse, seria a minha Igreja e não a Igreja de Cristo.
E, Já estou bastante velho para compreender que não sou melhor que os outros.
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