ANEXO PARA O LEITORATO
O valor litúrgico da Palavra de Deus Iluminados pelas novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2008-2010 (DGAE), aprovadas em abril deste ano na 46ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reflitamos aqui um pouco sobre o valor litúrgico da Palavra de Deus. De acordo com as Diretrizes, “a proclamação da Palavra de Deus pela Igreja é decisiva para a fé do cristão, já que ela possibilita o acolhimento livre do anúncio salvífico da pessoa de Cristo, acolhimento esse possibilitado pela atuação do Espírito Santo” (DGAE60). É preciso tomar contato com a Palavra de Deus, sentir o prazer e a alegria de acolhê-la lê-la, saborear do seu conteúdo, pois alimentados por ela, conseguiremos dar o devido testemunho.
Sendo assim, despertamos para a importância da Liturgia da Palavra no contexto
celebrativo. Primeiro recordamos que em toda ação litúrgica deve-se reservar um espaço
para a proclamação e meditação desta Palavra. E neste sentido encontramos ainda nas
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, n. 62: “O anúncio e a
acolhida da Palavra são, portanto, fundamentais para a vida e a missão da Igreja e
ocupam lugar central na liturgia”. Salientamos ainda, a responsabilidade daquele que
exerce o ministério da Palavra em nossas Comunidades Eclesiais, pois, “a proclamação
da Palavra na liturgia torna-se para os fiéis a primeira e fundamental escola da fé. Por
isso, é essencial que pastores e fiéis se empenhem para que a Palavra seja claramente
anunciada nas celebrações ao longo do ano litúrgico, seja comentada e refletida com
homilias cuidadosamente preparadas, e encarnada na vida” (DGAE 62 ).
Não podemos esquecer-nos da importância de uma boa reflexão a partir dos textos
bíblicos iluminando a vida, ou seja, a homilia deve justamente conduzir a todos, para uma
experiência concreta. Assim, ministros ordenados e ministros extraordinários, aqueles que
presidem as celebrações nas diversas realidades, não podemos desprezar o momento da
homilia, ou fazer dele apenas uma reflexão moralista. É saber partilhar daquilo que Deus
partilha conosco.
A Igreja cresce e se constrói ao ouvir a Palavra de Deus. Iluminados pela graça do
Espírito Santo, precisamos superar uma liturgia racional da Palavra para chegarmos a
uma Liturgia do Coração. Não basta sermos repetidores de um texto bíblico; é preciso ser
praticante desta Palavra; nisto encontramos o sentido de sermos proclamadores. É
preciso, na prática da pastoral litúrgica, educar os leitores para uma Lectio Divina,
desenvolvendo assim uma espiritualidade, buscar formação bíblico-teológica, promover
momentos comunitários de partilha da palavra.
Na Introdução do Lecionário, n. 3, encontramos uma afirmação muito particular sobre o
valor litúrgico da Palavra de Deus: “A mesma celebração litúrgica, que se sustenta e se
apóia principalmente na Palavra de Deus, converte-se num acontecimento novo e
enriquece a palavra com uma nova interpretação e eficácia. Por isso a Igreja continua
fielmente na Liturgia o mesmo sistema que usou Cristo na leitura e interpretação das
Sagradas Escrituras, visto que ele exorta a aprofundar o conjunto das Escrituras, partindo
do ‘hoje’ de seu acontecimento pessoal (cf. Lc 4, 16-21; 24, 25-35. 44-49)”.
O impulso recebido pela Igreja, a partir das reflexões conclusivas expressas no
Documento de Aparecida e nas novas DGAE, faz-nos perceber que é preciso encontrarse verdadeiramente com Jesus Cristo, e este trabalho, passa pelo Ministério da Palavra.
Que sustentados pela graça de Deus, abracemos com ardor esta causa.
Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:
1. Como estamos valorizando o momento da Liturgia da Palavra em nossas celebrações?
2. Qual deve ser a nossa atitude espiritual durante a proclamação da Palavra?
3. O que podemos fazer para melhorar o desempenho dos ministérios dos leitores e
salmistas em nossa comunidade? O que de bom já conseguimos?
Palavra de Deus: Livro ou Pessoa Viva?
Ainda é bastante comum a gente chegar no início de uma celebração litúrgica
e perceber que a "equipe" de liturgia está procurando leitores para aquela
celebração. É muito comum também, as leituras serem lidas de folhetos chamados
de "litúrgicos", o padre beijar o folheto no final do evangelho, não estante própria
para a Palavra... É muito comum ainda, o leitor não se comunicar com a assembléia
e o povo todo acompanhar a leitura lendo o folheto, cada um por si. Em algumas
comunidades, insiste-se em que todos tragam a Bíblia para fazer este
acompanhamento individual. O que pensar de tudo isso?
1. Fazer a leitura ou proclamar a Palavra?
Geralmente, quem aborda uma pessoa para ser leitor ou leitora, diz o
seguinte: "Você pode fazer a leitura hoje?"
Fazer uma leitura assim, até que é relativamente fácil. Se não houver palavras
complicadas no texto e se o leitor tiver um mínimo de prática, poderá se sair até
bem. Acontece que na liturgia, não se trata de "fazer a leitura", simplesmente. Tratase de proclamar a Palavra. É bem diferente. Qual é a diferença?
Pode até parecer que é uma questão de lermos apenas. Mas não é.
Fazer a leitura significa ir lá na frente, ler o que está escrito para informação
minha e da comunidade. Ou, no pior dos casos, é apenas uma formalidade.
Celebração supõe leitura, alguém deve fazê-la; pouco importa se os presentes
entenderam o que foi dito ou se foram atingidos pelo que ouviram.
Proclamar a Palavra é um gesto sacramental. Coloco-me a serviço de Jesus
Cristo que, através da minha leitura, da minha voz, da minha comunicação, quer
falar pessoalmente com o povo reunido.
O Documento Conciliar sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium) o
exprime da seguinte maneira, no artigo 7: "Presente está pela sua Palavra, pois é
Ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja", isto é, na
comunidade reunida.
2. Uma realidade sacramental, feita de sinais visíveis
A presença de Jesus Cristo pela sua Palavra é uma presença simbólico
sacramental. Passa pelos sinais sensíveis: o leitor, a leitura, o tom de voz, o lugar
da proclamação, a comunicação entre o leitor e ouvintes, a disposição em ouvir da
parte da assembléia.
Os sinais realizam o que significam. Mas a significação não é automática,
depende da comunicação, depende da compreensão. Depende, portanto, de um
trabalho a ser feito pela equipe, preparando os leitores e preparando o povo. Como
é que poderá haver comunicação entre Jesus e o povo reunido se os microfones
não funcionam direito, se o leitor ou leitora não pronunciam direito as palavras, se a
estante da Palavra fica escondida atrás de um pilar, ou se os leitores ficam
escondidos atrás da estante? Como é que poderá haver comunicação entre Jesus e
o povo reunido, se a leitura vem numa linguagem tão complicada ou erudita que o
povo não acompanha, se a homilia não ajuda a olhar a vida, a realidade do dia-a-dia
com os olhos de Deus? Como é que poderá haver comunicação entre Jesus e o
povo reunido se as preces que são a resposta do povo à Palavra ouvida nas leituras
e na homilia vem prontas nos folhetos?
3. O lugar da proclamação da Palavra
O Concílio desenterrou uma expressão antiga: mesa da Palavra. Diz que na
Igreja deve haver duas mesas: a mesa da Eucaristia e a mesa da Palavra. Duas
mesas nas quais a vida de Cristo é repartida em alimento para nossa vida: o
alimento da Palavra e o alimento de seu Corpo e Sangue.
Geralmente, essa "mesa" da Palavra tem a forma de uma estante, em cima da
qual se coloca a Bíblia. Mas pode ter também a forma de um tipo de púlpito ou
"ambão", principalmente nas igrejas maiores. Em todo caso, não deve ser pequena
demais em relação ao altar. Não é bom ter um altar enorme e uma estante
insignificante. Daria a impressão que a Palavra não é tão importante. No caso de
uma igreja ou capela bem pequena, onde não há espaço para duas mesas,
podemos colocar a Bíblia em cima da mesa do altar e fazer a leitura do altar.
Muitas comunidades enfeitam a estante ou com um pano bonito da cor do
tempo litúrgico ou com um vaso de flores ou folhagem, ou com velas, ou com um
jato de luz.
Observe: na Igreja ou Capela de sua comunidade há um lugar próprio para a
proclamação da Palavra? É bem destacado? É enfeitado em dias de festa? Ajuda a
gente a dar valor à Palavra de Deus?
4. O livro de onde se faz a leitura.
Em cima da Estante da Palavra, cabe permanentemente uma Bíblia. Quem
entra na Igreja, vê a Estante, vê a Bíblia em cima e logo relaciona com a Palavra de
Deus. É na Bíblia que devemos fazer as leituras bíblicas, de preferência.
Existem também os lecionários, livros de leitura bíblica na liturgia. Já trazem as
leituras certas para cada domingo ou para cada dia da semana. Trazem a vantagem
de não precisarmos procurar as leituras na Bíblia, em livros separados, ou pular os
versículos que não entram na leitura litúrgica.
O que jamais deveríamos fazer é ler de um folheto! É muito prático, mas
como sinal da Palavra de Deus é muito fraco. Muito sem aparência, muito
descartável. O folheto é usado neste domingo e depois é jogado fora. Como é que o
folheto pode criar em nós o respeito pela Palavra de Deus? Vamos supor que uma
comunidade ache difícil procurar as leituras na Bíblia, cada domingo, ou acha difícil
a tradução da Bíblia; não tem dinheiro também para comprar os lecionários. Por
isso prefere ficar com o folheto. Mas então que coloque o folheto dentro da Bíblia,
para que fique clara a origem da leitura. Não é uma leitura qualquer de um
"jornalzinho"; é uma leitura da Bíblia.
Além da Estante da Palavra, há ainda outros meios de vivenciarmos a
importância da Bíblia como sinal da Palavra de Deus: antes da leitura do Evangelho,
a Bíblia é beijada pelo leitor, pelo celebrante e às vezes, também por toda a
comunidade, quando esta é relativamente pequena. Nos dias de grande festa,
podemos incensar a Bíblia antes da leitura do Evangelho.
Observe: na sua comunidade os leitores usam a Bíblia? O lecionário?
Folheto? Quais são os sinais ou gestos usados para valorizar a Bíblia?
5. Os leitores, ministros da Palavra .
Leitura não é aula, não é informação, não é noticiário. Leitura é Jesus Cristo
presente com o seu espírito, falando na comunidade, anunciando o Reino,
denunciando as injustiças, convocando a comunidade, convidando-a para a
renovação da Aliança, à conversão, à esperança, à ação, purificando e
transformando-nos. Por isso, alguém da comunidade é chamado a ser ministro,
servidor desta Palavra.
Não só pelo conteúdo da leitura, mas por todo o seu modo de ser e de falar,
de olhar e de se movimentar, é que o leitor ou a leitora deverão ser, no meio da
comunidade, sinais vivos do Cristo-Palavra e do seu Espírito. Se fosse pelo
conteúdo da leitura apenas, poderia ser mais interessante cada pessoa ler sozinha
num folheto ou na sua Bíblia. Mas a leitura litúrgica é um acontecimento
comunitário e sacramental. Jesus Cristo fala à comunidade reunida, pela mediação
do leitor ou da leitora. E o Espírito está presente na pessoa que lê e está atuante
também nos ouvintes, para que acolham a Palavra em suas vidas. Os ouvintes não
são leitores! Os ouvintes devem: ouvir, escutar, acolher a Palavra. Ouvem as
palavras proclamadas pelos leitores e têm os olhos fixos neles para não perderem
nem uma vírgula, nem um sinal daquilo que é anunciado.
É evidente que o leitor deverá ler e meditar a leitura em casa, durante a
semana, para poder ser ministro da Palavra. Ele deve de alguma maneira "sumir"
diante do Cristo, a quem empresta sua voz e seu jeito de se comunicar. O leitor é
também ouvinte. Enquanto proclama a Palavra, ele presta atenção, como toda a
comunidade, para tentar perceber o que o Espírito está querendo dizer à Igreja naquele dia.
Antes da proclamação do Evangelho, está previsto um pequeno gesto, feito em
silêncio, que mostra claramente como deve ser a atitude dos leitores.
Quando é um diácono que irá fazer a proclamação, este se inclina diante do
sacerdote e pede a sua bênção; o sacerdote, então, diz: "O Senhor esteja em teu
coração e em teus lábios para que possas anunciar dignamente o seu Evangelho:
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Quando é o próprio sacerdote a
fazer a proclamação ele se inclina diante do altar e reza assim: "Ó Deus TodoPoderoso, purificai-me o coração e os lábios para que eu anuncie dignamente o
vosso santo Evangelho". Os dois textos se referem ao coração e aos lábios. Ao
coração, porque é nele que acolhemos a Palavra e o Espírito do Senhor que é Amor;
a proclamação deverá partir do coração. Aos lábios porque são o instrumento de
comunicação. "Lábios" significa aqui todo o esforço feito para que a Palavra
concebida no coração, sob a ação do Espírito possa atingir o coração dos ouvintes,
possa gerar neles a Palavra que quer fazer-se carne outra vez, em nossa vida, em
nossa realidade. "Lábios" significa: dicção, entonação de voz, ritmo, respiração,
ênfase. Devemos deixar que o Senhor esteja presente nesse processo de
comunicação e, por isso, devera ser realizado com toda a dedicação e unção
possíveis. Também o olhar e a postura do corpo têm parte neste processo de
comunicação e até mesmo o alto-falante e a instalação de som.
Observe: na sua comunidade, os leitores estão sendo sinais vivos do Cristo
que fala a seu povo reunido? O que poderia melhorar?
6. Silêncio, Salmo, homilia, preces.
As leituras são apenas um elemento da Liturgia da Palavra. Há outros
elementos que as vêm completar. Pela homilia, a leitura recebe a sua necessária
atualização no hoje da história e da vida da comunidade. O silêncio possibilita a
necessária concentração e disponibilidade para ouvir e receber a Palavra, para fazêla ecoar dentro de nossa mente e nosso coração. O Salmo de resposta responde à
Palavra de Deus, com a própria Palavra de Deus. Falamos a Deus com as palavras
da revelação, nascidas no decorrer da história do povo de Deus, por inspiração do
Espírito Santo e que foram moldando a espiritualidade do povo a caminho.
As preces também são fruto do Espírito que nos faz atentos, ao mesmo
tempo, à Palavra proclamada e à história atual, dentro da qual devem ir se
realizando as promessas do Pai. Ele nos faz pedir de acordo com o desejo e o
projeto do Pai. Ele nos une ao Cristo glorificado sentado à direita de Deus,
intercedendo por seus irmãos, acolhendo o clamor do povo oprimido, pedindo
libertação. Portanto, as preces devem brotar do momento celebrativo. Devem ser
feitas pela comunidade que ficou atenta às leituras e à homilia e que se preocupa
com a vinda do Reino dentro de nossa realidade. As preces que vêm impressas nos
folhetos, podem às vezes ser muito bem elaboradas, porém, não equivalem à
oração viva, que nasce por inspiração do Espírito na comunidade, no momento
litúrgico e dentro do contexto atual de vida daquela comunidade, daquela
assembléia reunida.
7. Concluindo
Em muitas comunidades, a liturgia da Palavra ainda sofre de uma doença
muito séria: o formalismo, a rotina. É urgente nos curar deste mal. Devemos
redescobrir a liturgia da Palavra como um diálogo vivo, atual de Jesus com os seus
discípulos, um diálogo amoroso, através do qual o Senhor vem alimentar nossa
esperança, podar nossos vícios, aprofundar nossa fé, botar a comunidade com
mais firmeza no caminho do Reino. Mas isso só será possível se gastarmos tempo
e energia na formação dos ministros da Palavra e da Oração, se levarmos a sério a
presença atuante e dinâmica do Senhor e do seu Espírito em cada liturgia da
Palavra que realizamos.
Dicas práticas para quem quer fazer a leitura da Palavra
• A proclamação da palavra é para os outros, não para si, por isso olhe para os
outros. Leia olhando para a assembléia, sem perder o ritmo, dando ênfase ao que
destaca. A assembléia deve olhar para o leitor e não para o folheto, valorizando a
proclamação. 99% da proclamação depende da preparação, 1% da execução, por
isso nunca improvise.
• Fale direto no microfone, sem gritar e sem se colocar longe, para ser bem
ouvido. Cuide da acústica, que permita audição clara e precisa em qualquer parte
do templo. O mínimo de técnica é ter boa dicção, articulação, pausa e ritmo na
proclamação.
• A Palavra deve ser proclamada, atualizada e respondida em espírito e
verdade. Evitar proclamação teatral (falsa), impessoal (neutra) e monótona
(retilínea) O texto faz eco na interpretação e vibra na significação dada pelo leitor. A
proclamação expressiva atinge os ouvidos, a compreensão e o coração de todos.
DIZER O NOME DE QUEM VAI FAZER
AS LEITURAS NA LITURGIA?
Principalmente em missas mais importantes, com grande afluxo de pessoas
vindas de diferentes lugares, existe muitas vezes, em nossas igrejas, o costume de dizer
o nome de quem vai proclamar a palavra de Deus. “Quem vai fazer a leitura é fulano...”,
proclama lá na frente o(a) comentarista para toda a assembléia reunida.
O nome de alguém sempre foi muito importante. Ele representa a própria pessoa.
E dizer o nome da pessoa, conseqüentemente, significa colocá-la como que em primeiro
plano, dar-lhe destaque frente à assembléia. É muito importante.
A Constituição sobre a Liturgia, do concílio Vaticano II, nos ensina que, “é Cristo
mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja” (SC 7). Portanto,
quando na liturgia se fazem as leituras, se canta o salmo e se proclama o Evangelho, é
Cristo mesmo que se comunica com seu povo reunido. Ele é o personagem central, o
grande protagonista da ação litúrgica. “Na liturgia Deus fala a seu povo. Cristo ainda
anuncia o Evangelho” (SC 33). É o que nos ensina a Igreja.
Assim sendo, quando o(a) comentarista diz o nome da pessoa que vai proclamar a
palavra de Deus na liturgia..., sabe o que acontece? Acontece uma espécie de
deslocamento de eixo, um “desvio de atenção” em relação Àquele que deveria ser o
personagem central e único do momento celebrativo. A atenção que deveria ser voltada
toda só para o Senhor que nos fala, para a sua Palavra, essa atenção de repente é
desviada, mesmo que seja por um instante só, para o nome da pessoa que vai fazer a
leitura. O nome da pessoa tomou o lugar da Palavra... Aconteceu uma espécie de “ruído”
teológico-litúrgico, uma desconcentração.
Pensemos! Naquele momento, no momento da Palavra, importante mesmo, mais
importante que tudo, e que unicamente merece destaque, é o Nome por excelência, isto
é, o Verbo que nos fala! Por isso, vale aqui aquela máxima do profeta João Batista: “É
necessário que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). É necessário que a Palavra apareça, e
quem a proclama diminua.
Assim sendo, por causa da insubstituível dignidade que a palavra de Deus tem, fica
claro que se deve realmente evitar dizer o nome da pessoa que vai fazer a leitura na
missa ou em outras celebrações litúrgicas. E assim estaremos também colaborando para
que a Palavra, acima de tudo ela, apareça e cresça em toda a sua pujança no coração da
assembléia litúrgica!...
E se você fizer questão de dizer o nome do leitor ou da leitora, faça-o talvez antes
de a missa começar, mas não em plena celebração da liturgia. Por que? Você já sabe!...
Por causa da importância central da Palavra na celebração litúrgica, tão enfatizada pelo
concílio Vaticano II há quarenta anos já passados.
Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:
1) Em sua comunidade, há o costume de dizer o nome da pessoa que vai fazer a
leitura durante a liturgia?
2) O que acontece de importante na hora em que se proclama uma leitura na
missa ou em outras celebrações litúrgicas?
3) Por que então se deveria evitar dizer o nome da pessoa que vai proclamar a
Palavra, durante a celebração?
OS “COMENTÁRIOS” NA LITURGIA DA PALAVRA
Pe. Carlos Gustavo Haas
É comum em nossas celebrações o uso de subsídios, mais conhecidos como “folhetos”
para orientar e ajudar as comunidades a bem celebrar. Além dos “comentários” no início
da celebração, na preparação das oferendas, na comunhão e no final (sobre eles
falaremos em outra oportunidade), alguns folhetos apresentam um “comentário” para
cada uma das leituras enquanto que outros apresentam apenas um comentário geral, no
início da Liturgia da Palavra. Qual a maneira correta?
Na celebração litúrgica, as “introduções”, os “comentários”, prestam o serviço de “iniciar”,
despertar, dispor a assembléia para a ação litúrgica que irá acontecer. Para usarmos um
termo dos Meios de Comunicação Social, estas “introduções” poderiam ser comparadas
às “chamadas” que anunciam e preparam a assembléia para a escuta do Senhor.
No caso específico da Liturgia da Palavra, não é absolutamente necessário um
“comentário”. Poderia muito bem ser dispensado. Mas muitas comunidades sentem a
necessidade de uma pequena “motivação” ou introdução. Neste caso, é conveniente
fazer apenas um comentário para introduzir a Liturgia da Palavra, com a finalidade de
preparar e dispor os fiéis a ouvirem atentamente as três leituras.
Porquê? Desta forma, daremos mais valor à Palavra proclamada. Esta não pode ser
interrompida ou intercalada com comentários e explicações que quebrem sua unidade e o
ritmo da celebração. A explicação e a atualização da Palavra devem ser feitas em seu
local próprio, a homilia.
A assembléia litúrgica não é apenas destinatária da ação litúrgica, mas é protagonista,
povo sacerdotal, não dependendo de “palavras de ordem” para participar. A liturgia não
é apenas “palavra” mas uma ação ritual-simbólico-sacramental. Por isso, muito mais do
que um “comentário”, é a atitude do leitor, do salmista, do diácono ou do presidente da
assembléia que vai ajudar para que a Palavra seja ouvida e acolhida. Neste contexto,
para uma frutuosa proclamação e acolhida da Palavra, adquirem muita importância o
ambão, sua localização e sua ornamentação; um bom microfone; a veste litúrgica própria
dos leitores, um refrão orante. Observemos o que dizem dois documentos litúrgicos:
a) Sacrosanctum Concilium, 35: “Procure-se também inculcar, por todos os modos, uma
catequese mais diretamente litúrgica, e prevejam-se nas próprias cerimônias, quando
necessário, breves esclarecimentos, feitos só nos momentos mais oportunos, pelo
sacerdote ou ministro competente, com palavras prescritas ou semelhantes às prescritas”.
b) Instrução Geral ao Missal Romano, 31: “Da mesma forma cabe ao sacerdote, no
desempenho da função de presidente da assembléia, proferir certas admoestações
previstas no próprio rito. Quando estiver estabelecido pelas rubricas, o celebrante pode
adaptá-las um pouco para que atendam à compreensão dos participantes; cuide, contudo,
o sacerdote de manter sempre o sentido da exortação proposta no livro litúrgico e a
expresse em poucas palavras. Pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na
missa do dia, após a saudação inicial e antes do rito penitencial, na liturgia da palavra,
antes das leituras; na Oração eucarística, antes do Prefácio, nunca, porém, dentro da
própria Oração; pode ainda encerrar toda a ação sagrada antes da despedida” .
Seria interessante retomar tudo o que o Missal Romano prevê para a celebração da
Liturgia da Palavra, com destaque aos momentos de silêncio após cada leitura (cf. IGMR,
128-134). Aí está claro que os “comentários” não têm a finalidade de dar informações
catequéticas ou moralistas, mas devem ser mistagógicos, isto é, conduzir a assembléia à
plena participação da ação litúrgica. Devem ser convites de cunho espiritual, sempre
discretos, orantes, a serviço do diálogo entre Deus e seu povo reunido, portanto, sem
interrupção do fluxo do rito. Vale lembrar um dos princípios na ação litúrgica: “que as
nossas palavras na Liturgia não neguem a Palavra, mas a sirvam”.
Seria igualmente interessante não mais usar a palavra “comentarista” ou “comentário” em
nossos folhetos, visto que não é este o espírito das monições apresentadas. Muitos usam
a palavra “animador” que, mesmo não sendo a ideal, é a que mais se aproxima da função
litúrgica exercida por esta pessoa.
Nota da Comissão de Liturgia sobre os Folhetos Litúrqicos
A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia (CEPL) realizou, nos dias 02 e 03 de
julho de 2007, em Aparecida, São Paulo um encontro com os responsáveis pelos
"folhetos litúrgicos" do Brasil.
O assunto estudado e debatido pelos participantes, com a ajuda de nossos
assessores, foram os "comentários" apresentados nos folhetos litúrgicos em diversos
momentos da celebração. Com o pleno consenso dos participantes do referido encontro,
a CEPL faz um apelo a todos os responsáveis pelos folhetos litúrgicos para que se
apresente apenas um comentário para introduzir a Liturgia da Palavra, com a finalidade
de preparar e dispor os fiéis a ouvirem atentamente as três leituras (1a. leitura, 2a. leitura
e Evangelho). Assim não mais se teria, separadamente, um comentário para cada uma
das leituras.
Optamos por essa decisão, para darmos mais valor à Palavra proclamada. Esta
não pode ser interrompida ou intercalada com comentários e explicações que quebram
sua unidade e o ritmo da celebração. A explicação e a atualização da Palavra devem ser
feitas em seu local próprio, a homília. A assembléia litúrgica não é apenas destinatária da
ação litúrgica, mas é protagonista, povo sacerdotal, não dependendo de "palavras de
ordem" para participar. A liturgia não é apenas "palavra" mas uma ação ritual simbólicosacramental. Por isso, muito mais do que um "comentário", é a atitude do leitor, do
salmista, do diácono ou do presidente da assembléia que vai ajudar para que a Palavra
seja ouvida e acolhida. Neste contexto, para uma frutuosa proclamação e acolhida da
Palavra, adquirem muita importância o ambão, sua localização e sua ornamentação; um
bom microfone; a veste litúrgica própria dos leitores, um refrão orante.
Na celebração litúrgica, as "introduções" prestam o serviço de "iniciar", despertar,
dispor a assembléia para a escuta atenta da Palavra. Para usarmos um termo dos Meios
de Comunicação Social, estas "introduções" poderiam ser comparadas às "chamadas"
que anunciam e preparam a assembléia para a escuta do Senhor.
Fundamentamos nosso pedido em dois documentos litúrgicos:
a) Sacrosanctum Concilium, 35: "Procure-se também inculcar, por todos
os modos, uma catequese mais diretamente litúrgica, e prevejam-se nas próprias
cerimônias, quando necessário, breves esclarecimentos,
feitos só nos momentos mais oportunos, pelo sacerdote ou ministro competente, com
palavras prescritas ou semelhantes às prescritas".
b) Instrução Geral ao Missa) Romano, 31: "Da mesma forma cabe ao
sacerdote, no desempenho da função de presidente da assembléia, proferir certas
admoestações previstas no próprio rito. Quando estiver estabelecido pelas
rubricas, o celebrante pode adaptá-las um pouco para que atendam à
compreensão dos participantes; cuide, contudo, o sacerdote de manter sempre o
sentido da exortação proposta no livro litúrgico e a expresse em poucas palavras.
Pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na missa do dia, após a
saudação inicial e antes do rito penitencial, na liturgia da palavra, antes das
leituras; na Oração eucarística, antes do Prefácio, nunca, porém, dentro da própria
Oração; pode ainda encerrar toda a ação sagrada antes da despedida".
Seria interessante retomar tudo o que o Missal Romano prevê para a celebração
da Liturgia da Palavra, com destaque aos momentos de silêncio após cada leitura (cf.
IGMR, 128-. 134). Aí está claro que os "comentários" não têm a finalidade de dar
informações catequéticas ou moralistas, mas devem ser mistagógicos, isto é, conduzir a
assembléia à plena participação da ação litúrgica. Devem ser convites de cunho espiritual,
sempre discretos, orantes, a serviço do diálogo entre Deus e seu povo reunido, portanto,
sem interrupção do fluxo do rito. Vale lembrar um dos princípios na ação litúrgica: "que as
nossas palavras na Liturgia não neguem a Palavra, mas a sirvam".
Pedimos também não mais usar a palavra "comentarista" ou "comentário" em
nossos folhetos, visto que não é este o espírito das monições apresentadas. Muitos usam
a palavra "animador" que, mesmo não sendo a ideal, é a que mais se aproxima da função
litúrgica exercida por esta pessoa.
Aproveito a ocasião para agradecer aos responsáveis pelos folhetos litúrgicos que
estiveram presentes no encontro promovido por nossa Comissão, sua boa vontade e seu
empenho em apresentar e ajudar nossas comunidades a bem celebrarem o Mistério
Pascal, como Igreja reunida pelo Pai.no amor de Cristo, pela ação do Espírito Santo.
Convido a todos para assumirem nosso pedido neste espírito, e desde já os
convido para o próximo encontro que será nos dias 30 de junho e 1o. de julho de 2008,
em Aparecida, São Paulo. Aparecida, São Paulo. Brasília, 6 de agosto de 2007.
Festa da Transfiguração do Senhor Dom Joviano de Lima Júnior Arcebispo
de Ribeirão Preto Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
Perguntas para os grupos:
1. Como percebemos os “comentários” em nossas celebrações? Lemos dos
“folhetos”? Preparamos textos próprios? Em que momentos os fazemos?
2. Qual a importância e a função da pessoa que exerce o ministério de
animador(a) da celebração?
3. Proposta: sem consultar os “folhetos litúrgicos”, vamos preparar juntos o que
será dito pelo(a) animador(a) da celebração do próximo domingo?
A DIGNIDADE DA PALAVRA DE DEUS
Os cuidados que devemos ter durante a Celebração Litúrgica ao proclamar a Palavra de
Deus.
No nosso último artigo vimos os diversos tipos de lecionários que são livros próprios pra a
Proclamação da Palavra de Deus. Na verdade, os lecionários são como que “Bíblias”
editadas especialmente para a ação litúrgica. Neles encontramos os textos já prontos
para a celebração, evitando que fiquemos procurando diretamente no livro das Sagradas
Escrituras. Por isso os lecionários mais novos trazem no alto da capa a inscrição “Palavra
de Deus”. E na verdade são Palavra de Deus!
Por isso mesmo o livro do lecionário deve ser um livro digno, bonito e bem conservado,
pois estamos falando da Palavra de Deus. Cada comunidade deveria esmerar-se em ter o
livro próprio para a proclamação da Palavra da Celebração Litúrgica.
E veja que usamos o termo “proclamar” (que também é usado na introdução do
lecionário, o chamado “Elenco das leituras da Missa”), que é muito mais forte do que
simplesmente “fazer” a leitura, como estamos acostumado a ouvir. “Ah, é fulano quem vai
fazer a leitura na Missa de hoje”. Está errado! Não “ser faz uma leitura”, mas se proclama
a Palavra de Deus. “É fulano quem vai proclamar hoje a primeira leitura”. Na Liturgia da
Palavra nós ouvimos a sonora proclamação da Palavra de Deus. Segundo o documento
Sagrado Concílio (em latim: Sacrosanctum Concilium– sigla: SC), do Concílio Vaticano
2°, uma das presenças fortes de Cristo na sua igreja é quando se proclamam as
escrituras na ação litúrgicas, “pois é Ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas
Escrituras na Igreja” (SC 7). E isso traz conseqüências muito comprometedoras para
quem proclama a Palavra. Quem proclama está emprestando sua voz a Deus, para que
Ele, durante a solene ação litúrgica, nos mostre seus caminhos, nos oriente e nos
console. Por isso aquele ou aquela que proclama a palavra deveria preparar-se muito
bem.
Para preparar proclamação da Palavra de Deus é preciso tempo e dedicação. É
inaceitável escolher um leitor para a Palavra de Deus cinco minutos antes de começar a
celebração. Corre-se o risco de fazer uma proclamação muito mal feita, sem vida, sem ter
entendido o sentido daquilo que se está proclamando. Como disse, para proclamar a
Palavra é preciso investir tempo, dedicação e atenção. A pessoa indicada para a
proclamação da Palavra na liturgia deveria começar a preparar a leitura uma semana
antes da celebração. Durante toda semana, um pouco antes da celebração, a pessoa
deveria pegar o texto e ler, reler e meditar. Ela deveria sentir o texto é seu, ou seja, deve
sentir-se anunciando, em nome de Deus. E isso não se faz da noite para o dia e muito
menos cinco minutos antes da celebração. Um padre amigo meu deu uma fórmula
exagerada, mas que serve bem para entendermos a dedicação na preparação da
proclamação da Palavra de Deus. Ele dizia que a pessoa deve pegar a Bíblia (ou o
lecionário), pegar a leitura, escolher uma arvore qualquer (sim, uma árvore) e ficar lendo a
leitura para a arvore. No momento em que a arvore se dobrar, é sinal de que a leitura está
pronta para ser anunciada na assembléia litúrgica. Claro que ele está exagerando, mas
serve como alerta. A pessoa deve ler, reler e, acima de tudo, meditar a Palavra antes da
proclamação.
Sentido do texto - Um segundo ponto ao qual os proclamadores da Palavra de Deus
devem estar atentos é ao sentido do texto que está sendo proclamado. O leitor deve se
perguntar: É um texto de denúncia? Trata-se de uma exortação? Para quem o autor
bíblico está falando? Ou é Deus que fala naquele texto, ao invés de um profeta? Quem é
a personagem central? Quais são os sentimentos do autor e o que você percebe?
À primeira vista tudo isto parece muito complicado, mas não é. A própria CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em suas Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora (DGAE) da Igreja no Brasil 2003 – 2006, nos dá excelentes e preciosas
dicas para o que se chama de Ministério da Palavra. Para os bispos a “proclamação da
Palavra na liturgia torna-se para os fieis a primeira e fundamental escola da fé” (DGAE,
21). Por isso devemos nos empenhar para que a Palavra de Deus seja cada vez melhor
proclamada durante o ano litúrgico. Para que isso aconteça de verdade em nossas
comunidades, os proclamadores da Palavra de Deus devem aperfeiçoar-se não somente
na técnica de proclamação, mas também, no estudo das Sagradas Escrituras, procurando
não só um aprofundamento para si, mas para que sua proclamação seja cada vez mais
eficaz, a ponto de penetrar nas vidas das pessoas.
Não podemos aqui deixar de falar também na preparação técnica. Saber ler é uma arte,
um dom, que pode e deve ser aprendido sim. Ninguém de nós é tão bom que não
necessite aprender nada. E as comunidades podem partilhar os conhecimentos e
aprender juntos técnicas para melhor proclamar a Palavra de Deus. Tudo isso em vista
não só da técnica pela técnica, o que não seria nem cristão, mas tudo para melhor
proclamar a Palavra de Deus, afinal, Ele fala conosco em cada Liturgia da Palavra. Em
cada Celebração, a Palavra de Deus é um toque em nossos corações, seja nos
motivando, seja nos dando alento, seja nos aconselhando, seja nos instruindo.
Estudo do sentido das Sagradas Escrituras, técnicas de leitura, aperfeiçoamento
constante: nosso povo merece ouvir em bem a Palavra de Deus! E a Palavra de Deus
tem que ser proclamada e bem proclamada, até atingir o coração do nosso povo!
DIZER O NOME DE QUEM VAI FAZER
AS LEITURAS NA LITURGIA?
Principalmente em missas mais importantes, com grande afluxo de pessoas
vindas de diferentes lugares, existe muitas vezes, em nossas igrejas, o costume de dizer
o nome de quem vai proclamar a palavra de Deus. “Quem vai fazer a leitura é fulano...”,
proclama lá na frente o(a) comentarista para toda a assembléia reunida.
O nome de alguém sempre foi muito importante. Ele representa a própria pessoa.
E dizer o nome da pessoa, conseqüentemente, significa colocá-la como que em primeiro
plano, dar-lhe destaque frente à assembléia. É muito importante.
A Constituição sobre a Liturgia, do concílio Vaticano II, nos ensina que, “é Cristo
mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja” (SC 7). Portanto,
quando na liturgia se fazem as leituras, se canta o salmo e se proclama o Evangelho, é
Cristo mesmo que se comunica com seu povo reunido. Ele é o personagem central, o
grande protagonista da ação litúrgica. “Na liturgia Deus fala a seu povo. Cristo ainda
anuncia o Evangelho” (SC 33). É o que nos ensina a Igreja.
Assim sendo, quando o(a) comentarista diz o nome da pessoa que vai proclamar a
palavra de Deus na liturgia..., sabe o que acontece? Acontece uma espécie de
deslocamento de eixo, um “desvio de atenção” em relação Àquele que deveria ser o
personagem central e único do momento celebrativo. A atenção que deveria ser voltada
toda só para o Senhor que nos fala, para a sua Palavra, essa atenção de repente é
desviada, mesmo que seja por um instante só, para o nome da pessoa que vai fazer a
leitura. O nome da pessoa tomou o lugar da Palavra... Aconteceu uma espécie de “ruído”
teológico-litúrgico, uma desconcentração.
Pensemos! Naquele momento, no momento da Palavra, importante mesmo, mais
importante que tudo, e que unicamente merece destaque, é o Nome por excelência, isto
é, o Verbo que nos fala! Por isso, vale aqui aquela máxima do profeta João Batista: “É
necessário que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). É necessário que a Palavra apareça, e
quem a proclama diminua.
Assim sendo, por causa da insubstituível dignidade que a palavra de Deus tem, fica
claro que se deve realmente evitar dizer o nome da pessoa que vai fazer a leitura na
missa ou em outras celebrações litúrgicas. E assim estaremos também colaborando para
que a Palavra, acima de tudo ela, apareça e cresça em toda a sua pujança no coração da
assembléia litúrgica!...
E se você fizer questão de dizer o nome do leitor ou da leitora, faça-o talvez antes
de a missa começar, mas não em plena celebração da liturgia. Por que? Você já sabe!...
Por causa da importância central da Palavra na celebração litúrgica, tão enfatizada pelo
concílio Vaticano II há quarenta anos já passados.
Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:
1) Em sua comunidade, há o costume de dizer o nome da pessoa que vai fazer a
leitura durante a liturgia?
2) O que acontece de importante na hora em que se proclama uma leitura na
missa ou em outras celebrações litúrgicas?
3) Por que então se deveria evitar dizer o nome da pessoa que vai proclamar a
Palavra, durante a celebração?
sábado, 4 de abril de 2015
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
O Conhecimento de Deus
“Conheçamos
e prossigamos em conhecer ao Senhor”.
INTRODUÇÃO:- A maior fraqueza na igreja hoje
é uma falta do conhecimento de Deus. Muitos são como os samaritanos, de quem
Jesus disse: “Vós adorais o que não sabeis;” (João 4:22). João
17:3 mostra a importância de conhecer a Deus: “E a vida eterna é esta:
que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
enviaste”. O que poderia ser mais importante que isso?
Todavia,
a palavra da profecia é verdadeira hoje: “O meu povo foi destruído,
porque lhe faltou o conhecimento” (Oséias 4:6). Era do
conhecimento de Deus do que o povo de Deus carecia nos dias dessa profecia. O
versículo 1 deixa isso claro: “Na terra não há verdade, nem benignidade,
nem conhecimento de Deus”. Como isso é verdadeiro hoje de novo!
Nos dias
de Oséias, a igreja tinha rejeitado o conhecimento. Especialmente os
sacerdotes, seus líderes espirituais, tinham rejeitado o conhecimento e
esquecido a lei de Deus. Assim, Deus ameaçou esquecer seus filhos e tornar a
honra deles em vergonha (v. 6, 7). Se ao menos a igreja de hoje ouvisse essa
Palavra de Deus, e visse que Deus está trazendo esses julgamentos sobre ela
também! Oh! se a igreja retornasse ao Senhor e fosse curada!
SOBRE O
CONHECIMENTO HUMANO
Conhecimento
é o ato ou efeito de abstrair ideia ou noção de alguma coisa, como por exemplo:
conhecimento das leis; conhecimento de um fato (obter informação); conhecimento
de um documento; termo de recibo ou nota em que se declara o aceite de um
produto ou serviço; saber, instrução ou cabedal científico (homem com grande
conhecimento).
O tema
"conhecimento" inclui, mas não está limitado a, descrições,
hipóteses, conceitos, teorias, princípios e procedimentos que são úteis ou
verdadeiros. O estudo do conhecimento é a gnosiologia. Hoje existem vários
conceitos para esta palavra e é de ampla compreensão que conhecimento é aquilo
que se sabe de algo ou alguém. Isso em um conceito menos específico.
O
conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou como um produto.
Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, ideias e conceitos o
conhecimento surge como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como
todo produto é indissociável de um processo, podemos então olhar o conhecimento
como uma atividade intelectual através da qual é feita a apreensão de algo
exterior à pessoa.
A
definição clássica de conhecimento, originada em Platão, diz que ele consiste
de crença verdadeira e justificada.
Aristóteles
divide o conhecimento em três áreas: científica, prática e técnica.
Além dos
conceitos aristotélico e platônico, o conhecimento pode ser classificado em uma
série de designações / categorias:
Conhecimento
sensorial: É o conhecimento comum entre seres humanos e animais. Obtido a
partir de nossas experiências sensitivas e fisiológicas (tato, visão, olfato,
audição e paladar).
Conhecimento
intelectual: Esta categoria é exclusiva ao ser humano; trata-se de um
raciocínio mais elaborado do que a mera comunicação entre corpo e ambiente.
Aqui já pressupõe-se um pensamento, uma lógica.
Conhecimento
vulgar/popular: É a forma de conhecimento do tradicional (hereditário), da
cultura, do senso comum, sem compromisso com uma apuração ou análise
metodológica. Não pressupõe reflexão, é uma forma de apreensão passiva,
acrítica e que, além de subjetiva, é superficial.
Conhecimento
científico: Preza pela apuração e constatação. Busca por leis e sistemas, no
intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando. Não se
contenta com explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na
metodologia e na racionalidade. Análises são fundamentais no processo de construção
e síntese que o permeia, isso, aliado às suas demais características, faz do
conhecimento científico quase uma antítese do popular.
Conhecimento
filosófico: Mais ligado à construção de ideias e conceitos. Busca as verdades
do mundo por meio da indagação e do debate; do filosofar. Portanto, de certo
modo assemelha-se ao conhecimento científico - por valer-se de uma metodologia
experimental -, mas dele distancia-se por tratar de questões imensuráveis,
metafísicas. A partir da razão do homem, o conhecimento filosófico prioriza seu
olhar sobre a condição humana.
Conhecimento
intuitivo: Inato ao ser humano, o conhecimento intuitivo diz respeito à
subjetividade. Às nossas percepções do mundo exterior e à racionalidade humana.
Manifesta-se de maneira concreta quando, por exemplo, tem-se uma epifania.
Conhecimento
teológico: Conhecimento adquirido a partir da fé teológica, é fruto da
revelação da divindade. A finalidade do teólogo é provar a existência de Deus e
que os textos bíblicos foram escritos mediante inspiração Divina, devendo por
isso ser realmente aceitos como verdades absolutas e incontestáveis. A fé pode
basear-se em experiências espirituais, históricas, arqueológicas e coletivas
que lhe dão sustentação.
O
conhecimento teológico, como acima enunciado é fruto da revelação, o que
transcende a todas as outras formas pelas quais chegamos a conhecer as coisas,
não necessitando nós, nesses casos, da concordância com a percepção dos
sentidos ou com os raciocínios da razão.
SOBRE O
CONHECIMENTO DE DEUS
1 – Nós
de fato conhecemos a Deus?
Creio que
não é a resposta que todos devemos dar. Por Quê? Porque o nosso conhecimento de
Deus pode ser classificado como conhecimento superficial. Deus é espírito,
portanto as várias formas de conhecimento apresentadas como: conhecimento
sensorial, intelectual, vulgar/popular, científico, filosófico e intuitivo, não
podem nos mostrar o Deus todo poderoso. A única forma que o homem tem pra
conhecer a Deus é através da revelação dada pelo próprio Deus. Não se consegue
conhecer a Deus através de meios humanos, isto todos nós que conhecemos a
palavra sagrada sabemos. Tampouco se pode conhecer a Deus, sem ter tido a
experiência do novo nascimento, pois o próprio apostolo Paulo diz que o homem
natural não pode compreender as coisas do espírito. (1Corintíos 2.6-16).
2 – Quem
é este Deus que não conhecemos?
Os
atributos de Deus
Atributos
são características pessoais – tais como cor dos olhos, tipo de personalidade,
e coisas semelhantes. Os atributos de Deus são sua unidade, espiritualidade,
soberania, graça bondade e todas as outras palavras que são usadas na Escritura
para nos dizer quem ele é.
Quando
falamos dos atributos de Deus, portanto, estamos descrevendo ele, sua glória e
as coisas que ele revelou de si mesmo em sua Palavra. Por meio desses
atributos, conhecemos quem e o que ele é.
Nunca
devemos pensar que os atributos de Deus são apenas uma questão de debate
e discussão teológica. Eles são vitalmente importantes para nós. A
Escritura mostra isso pelas diferentes palavras que usa para descrever os
atributos de Deus.
No Salmo
89:5, a Escritura fala dos atributos de Deus como suas maravilhas.
Seus atributos, em outras palavras, nos relevam quão grande e maravilhoso
Deus é, e nos faz permanecer diante dele em admiração e assombro.
O Salmo
78:4 chama os atributos de Deus de os seus louvores. Dessa palavra aprendemos a
razão para a revelação de seus atributos: para que possamos louvá-lo e adorá-lo
para sempre. Se a igreja hoje não honra a Deus como deveria, isso é somente porque
ela não o conhece como deveria.
O Salmo
78 também diz que é por meio do conhecimento dos atributos de Deus que
as gerações vindouras colocarão sua esperança em Deus, e não esquecerão
suas obras, mas guardarão os seus mandamentos (v. 4-8). Possa Deus conceder
tais gerações à Igreja, restaurando nas igrejas o conhecimento de Deus e
especialmente dos seus atributos.
- Atributos incomunicáveis
- Aseidade;
- Imutabilidade;
- Infinitude;
- Eternidade (Infinitude
aplicada ao tempo);
- Imensidão (Infinitude
aplicada ao espaço);
- Simplicidade;
- Onipotência;
- Onipresença;
- Onisciência.
- Atributos comunicáveis
- Conhecimento;
- Bondade;
- Amor;
- Santidade;
- Justiça;
- Verdade;
- Soberania;
- Vontade.
OS
ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS (comunicáveis, ou seja, que podem ser estendidos ao ser humano)
1-BONDADE
DE DEUS. Esta
geralmente é tratada como uma concepção genérica, incluindo diversas variedades
que se distinguem de acordo com os seus objetos. Não se deve confundir a
bondade de Deus com Sua benevolência, que é um conceito mais restrito. Falamos que
uma coisa é boa quando ela corresponde em todas as suas partes ao ideal. Daí,
em nossa atribuição de bondade de Deus, a ideia fundamental é que Ele é, em
todos os aspectos e por todos os modos, tudo aquilo que deve ser como Deus, e,
portanto, corresponde perfeitamente ao ideal expresso pela palavra “Deus”.
Ele é bom na acepção metafísica da palavra, é perfeição absoluta e felicidade
perfeita em Si esmo. É neste sentido que Jesus disse ao homem de posição: “Ninguém
é bom senão um só, que é Deus”, Mc 10.18; Lc 18.18, 19.
Mas,
desde que Deus é bom em Si mesmo, é também bom para as Suas criaturas e,
portanto, pode ser chamado a fons omnium bonorum. Ele é a fonte de todo bem, e
assim é apresentado de várias maneiras na Bíblia toda. O poeta canta: “Pois
em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz”, Sl, 36.9.
Todas as boas coisas que as criaturas fruem no presente e esperam no futuro,
fluem para elas deste manancial inexaurível. E não somente isso, mas Deus é
também o summum bonum, o sumo bem, para todas as Suas criaturas, embora em
diferentes graus e na medida em que correspondem ao propósito da sua
existência. Na presente conexão, naturalmente damos ênfase à bondade ética de
Deus e a seus diferentes aspectos, como determinados pela natureza dos seus objetos.
a. A
bondade de Deus para com Suas criaturas em geral. Esta pode ser definida como a
perfeição de Deus que O leva a tratar benévola e generosamente todas as Suas
criaturas. É a afeição que o Criador sente para com as Suas criaturas dotadas
de sensibilidade consciente como tais. O salmista a exalta com as bem
conhecidas palavras: “O Senhor é bom para todos, e as suas ternas
misericórdias permeiam todas as suas obras... Em ti esperam os olhos de todos,
e tu, a seu tempo, lhes dás o alimento. Abres a tua mão e satisfazes de
benevolência a todo vivente”, Sl 145.9, 15, 16. Este benévolo interesse
de Deus é revelado em Seu cuidado pelo bem-estar da criatura e corresponde à
natureza e às circunstâncias da criatura. Varia naturalmente em grau, de acordo
com a capacidade que os seus objetos têm de recebê-lo. E embora não se
restrinja aos crentes, somente estes manifestam apropriada apreciação das
bênçãos que dela provêm, desejo de usá-las no serviço do seu Deus e, assim,
desfrutam-na em medida mais rica e mais completa. A Bíblia refere-se a esta
bondade de Deus em muitas passagens, como Sl 36.6; 104.21; Mt, 5.45; 6.26; Lc
6.35; At 14.17.
b. O amor
de Deus. Quando a
bondade de Deus é exercida para com as Suas criaturas racionais, assume o
caráter mais elevado de amor, e ainda se pode distinguir este amor de acordo
com os objetos aos quais se limita. Em distinção da bondade de Deus em geral, o
Seu amor pode ser definido como a perfeição de Deus pela qual Ele é movido
eternamente à Sua própria comunicação. Desde que Deus é absolutamente bom em Si
mesmo, Seu amor não pode achar completa satisfação em nenhum objeto falto de
perfeição absoluta. Ele ama as Suas criaturas racionais por amor a Si mesmo,
ou, para expressá-lo doutra forma, neles Ele se ama a Si mesmo, Suas virtudes,
Sua obra e Seus dons. Ele nem mesmo retira completamente o Seu amor do pecador
em seu estado pecaminoso atual, apesar de que o pecado deste é uma abominação
para Ele, visto que, mesmo no pecador, Ele reconhece um portador da Sua imagem.
Jo 3.16; Mt 5.44, 45. Ao mesmo tempo, Ele ama os crentes com amor especial,
dado que os vê como Seus filhos espirituais em Cristo. É a estes que Ele se
comunica no sentido mais rico e mais completo, com toda a plenitude da Sua
graça e misericórdia. Jo 16.27; Rm 5.8; 1 Jo 3.1.
c. A
graça de Deus. A
significativa palavra “graça” é uma tradução do termo hebraico chanan e
do grego charis. Segundo a Escritura, é manifestada não só por Deus, mas também
pelos homens, caso em que denota o favor de um homem a outro, Gn 33.8, 10, 18;
39.4; 47.25; Rt 2.2; 1 Sm 1.18; 16.22. Nestes casos não implica necessariamente
que o favor é imerecido. Em geral se pode dizer, porém, que a graça é a
concessão de bondade a alguém que não tem nenhum direito a ela. É este
particularmente o caso em que a graça a que se faz referência é a graça de
Deus. Seu amor ao ser humano é sempre imerecido e, quando mostrado a pecadores,
estes são até privados dele. A Bíblia geralmente emprega apalavra para indicar
a imerecida bondade ou amor de Deus aos que perderam o direito a ela e, por
natureza, estão sob a sentença de condenação. A graça de Deus é a fonte de
todas as bênçãos espirituais concedidas aos pecadores. Como tal, lemos a seu
respeito em Ef 1. 6.7; 2.7-9; Tt 2.11; 3.4-7. Embora a Bíblia fale muitas vezes
da graça de Deus como graça salvadora, também faz menção dela num sentido mais
amplo, como em Is 26.10; Jr 16.13. A graça de Deus é da maior significação
prática para os pecadores. É pela graça que o caminho da redenção foi aberto
para eles, Rm 3.24; 2 Co 8.9, e que a mensagem da redenção foi levada ao mundo,
At 14.3. pela graça os pecadores recebem o dom de Deus em Jesus Cristo, At
18.27; Ef 2.8. Pela graça eles são justificados, Rm 3.24; 4.16; Tt 3.7, são
enriquecidos de bênçãos espirituais, Jo 1,16; 2 Co 8.9; 2 Ts 2.16, e finalmente
herdam a salvação, Ef 2.8; Tt 2.11. Vendo-se absolutamente sem méritos próprios
ficam na total dependência da graça de Deus em Cristo. No modernismo teológico,
com sua crença na bondade inerente do homem e em sua capacidade de bastar-se a
si próprio, a doutrina da salvação pela graça tornou-se praticamente um “acorde
perdido”, e mesmo a palavra “graça” foi esvaziada de toda significação
espiritual e desapareceu dos discursos religiosos. Só foi conservada no sentido
de “graciosidade”, coisa inteiramente externa. Felizmente há algumas
evidências de uma renovada ênfase ao pecado, e de uma recém-despertada
consciência da necessidade da graça divina.
d. A
misericórdia de Deus. Outro
importante aspecto da bondade e amor de Deus é a Sua misericórdia ou terna
compaixão. A palavra hebraica mais geralmente empregada para esta perfeição é
chesed. Há outra palavra, porém, que expressa uma terna e profunda compaixão, a
saber, a palavra racham, às vezes lindamente traduzida por “terna
misericórdia”. A Septuaginta e o Novo Testamento empregam a palavra grega eleos para designar a misericórdia de
Deus. Se a graça de Deus vê o homem como culpado diante de Deus e, portanto,
necessitado de perdão, a misericórdia de Deus o vê como um ser que está
suportando as consequências do pecado, que se acha em lastimável condição, e
que, portanto, necessita do socorro divino. Pode-se definir a misericórdia
divina como a bondade ou amor de Deus demonstrado para com os que se acham na
miséria ou na desgraça, independentemente dos seus méritos.
Em Sua
misericórdia Deus se revela um Deus compassivo, que tem pena dos que se acham
na miséria e está sempre pronto a aliviar a sua desgraça. Esta misericórdia é
generosa, Dt 5.10; Sl 57.10; 86.5, e os poetas de Israel se dedicam em entoar
canções descrevendo-a como duradoura e eterna, 1 Cr 16.34; 2 Cr 7.6; Sl 136; Ed
3.11. No Novo Testamento é muitas vezes mencionada ao lado da graça de Deus,
especialmente nas saudações, 1 Tm 1.2; 2 Tm 1.1; Tt 1.4. Repetidamente se nos
diz que essa perfeição divina é demonstrada para com os que temem a Deus, ex
20.2; Dt 7.9; Sl 86.5; Lc 1.50. Não significa, porém, que se limita a eles,
conquanto a desfrutem em medida especial. As ternas misericórdias de Deus estão
sobre todas as Suas obras, Sl 145.9, e até os que não O temem compartilham
delas, Ez 18.23, 32; 33.11; Lc 6.35, 36. Não se pode apresentar a misericórdia
de Deus como oposta à Sua justiça. Ela é exercida somente em harmonia com a
mais estrita justiça de Deus, em vista dos méritos de Jesus Cristo. Outros
termos empregados para expressar a misericórdia de Deus são “piedade”,
“compaixão”, “benignidade”.
e. A
longanimidade de Deus. A longanimidade de Deus é ainda outro aspecto da Sua grande bondade ou
amor. O hebraico emprega a expressão ‘erek ‘aph, que significa literalmente
“grande de rosto” e daí também “lento para a ira”, enquanto que o grego
expressa a mesma ideia com a palavra makrothymia. É o aspecto da bondade ou
amor de Deus em virtude do qual Ele tolera os rebeldes e maus, a despeito da
sua prolongada desobediência. No exercício deste atributo o pecador é visto
como permanecendo em pecado, não obstante as admoestações e advertências que
lhe vêm. Revela-se no adiantamento do merecido julgamento. A Escritura fala da
longanimidade de Deus em Êx 34.6; Sl 86.15; Rm 2.4; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.15. Um
termo sinônimo, com uma conotação ligeiramente diversa, é a palavra “paciência”.
2. A
SANTIDADE DE DEUS. A palavra
hebraica para “ser santo”, qadash, deriva da raiz qad, que significa
cortar ou separar. É uma das palavras religiosas mais proeminentes do Velho
Testamento, e é aplicada primariamente a Deus. A mesma ideia é comunicada pelas
palavras hagiazo e hagios, no Novo Testamento. Disto já se vê que não é correto
pensar na santidade primariamente como uma qualidade moral ou religiosa, como
geralmente se faz. Sua ideia fundamental é a de uma posição ou relação
existente entre Deus e uma pessoa ou coisa.
a. Sua natureza. A ideia
escriturística da santidade de Deus é dupla. Em sentido original denota que Ele
é absolutamente distinto de todas as Suas criaturas, e é exaltado acima delas
em majestade infinita. Assim entendida, a santidade de Deus é um dos Seus
atributos transcendentais e às vezes é mencionada como a Sua perfeição central
e suprema. Não parece próprio falar de um atributo de Deus como sendo mais
central e mais fundamental que outro; mas, se fosse permissível isto, a ênfase
da Escritura à santidade de Deus pareceria justificar a sua escolha. Contudo, é
evidente que, neste sentido da palavra, a santidade não é realmente um atributo
moral, que possa ser coordenado com outros, como o amor, a graça e a
misericórdia, mas é antes uma coisa de amplitude igual à de todos os predicados
de Deus e a eles aplicável. Ele é santo em tudo aquilo que O revela, em Sua
graça e bondade como também em Sua ira e justiça. Pode-se lhe chamar “majestade-santidade”
de Deus e passagens como ex 15.11; 1 Sm 2.2; Is 57.15 e Os 11.9 se referem a
ela. É a santidade de Deus que Otto, em sua importante obra sobre o Santo (Das
Heilige), considera como aquilo que é mais essencial em Deus, e que ele designa
como “o numinoso”. Ele a considera como parte do não-racional em Deus,
em que não se pode pensar conceitualmente, e que inclui ideias como “inacessibilidade
absoluta” e “domínio absoluto” ou “majestade temível”.
Desperta no homem um sentimento de nulidade absoluta, uma “consciência” ou
“sentimento de condição de criatura” que leva a um auto rebaixamento absoluto.
Mas a
santidade de Deus tem também um aspecto especificamente ético na Escritura, e é
neste seu aspecto que estamos mais interessados nesta conexão. A ideia ética da
santidade divina não pode ser dissociada da ideia da majestade-santidade de
Deus. Aquela se desenvolve a partir desta. A ideia fundamental da santidade
ética de Deus também é a de separação, mas, neste caso, a separação é do mal
moral, isto é, do pecado. Em virtude da sua santidade, Deus não pode ter
comunhão com o pecado, Jô 34.10; Hc 1.13. Empregada neste sentido, a palavra “santidade”
indica a pureza majestosa de Deus, ou a Sua majestade ética. Mas a ideia de
santidade não é meramente negativa (separação do pecado); tem igualmente um
conteúdo positivo, a saber, o de excelência moral, ou perfeição ética. Se o
homem reage à santidade majestosa de Deus com um sentimento de completa
insignificância e temor, sua reação à santidade ética revela-se num senso de
impureza, numa consciência de pecado, Is 6.5. Otto reconhece também este
elemento na santidade de Deus, embora acentue o outro, e a respeito da resposta
ele diz: “O simples temor, a simples necessidade de refúgio face ao
‘tremendum’, elevou-se aqui ao sentimento de que o homem, em sua condição de
‘profano’, não é digno de ficar na presença do Santo, e de que a sua inteira
indignidade pessoal poderia contaminar até mesmo a própria santidade”. Esta
santidade ética de Deus pode ser definida como a perfeição de Deus, em virtude
da qual Ele eternamente quer manter e mantém a Sua excelência moral, aborrece o
pecado, e exige pureza moral em Suas criaturas.
b. Sua manifestação. A
santidade de Deus é revelada na lei moral implantada no coração do homem e que
fala por meio da consciência e, mais particularmente, na revelação especial de
Deus. Se expressa pro eminentemente na lei dada a Israel. Essa lei, em todos os
seus aspectos, foi planejada para imprimir em Israel a ideia da santidade de
Deus, e para levá-lo a sentir fortemente a necessidade de levar vida santa. A
este propósito atendem símbolos e tipos como a nação, a terra santa, a cidade
santa, o lugar santo e o sacerdócio santo. Além disso, foi revelada na maneira
como Deus recompensava a observância da lei e visitava os transgressores com
terríveis punições. A suprema revelação da santidade de Deus foi dada em Jesus
Cristo, que é chamado “o Santo e o Justo”, At 3.14. Ele refletiu em Sua
vida a perfeita santidade de Deus. Finalmente, a santidade de Deus é também
revelada na Igreja como o corpo de Cristo. É um fato notável, para o qual
muitas vezes se chama a atenção, que se atribui santidade a Deus com muito
maior frequência no Velho Testamento que no Novo, conquanto isto seja feito
ocasionalmente no Novo Testamento, Jo 17.11; 1 Pe 1.16; Ap 4.8; 6.10. Isto se
deve provavelmente ao fato de que o Novo Testamento destina mais
particularmente o termo para qualificar a terceira Pessoa da Trindade Santa
como Aquele cuja tarefa especial, na economia da redenção, consiste em
comunicar santidade ao Seu povo.
3. A
JUSTIÇA DE DEUS. Este
atributo relaciona-se estreitamente com o da santidade de Deus. Shedd fala da
justiça de Deus como “um modo de Sua santidade”, e Strong lhe chama
simplesmente “santidade transitiva”. Contudo, estes termos só se aplicam
à geralmente denominada justiça relativa de Deus, em distinção de Sua justiça
absoluta.
a. A ideia
fundamental de justiça. A ideia fundamental de justiça é a de estrito apego à lei. Entre os
homens ela pressupõe que há uma lei à qual eles devem ajustar-se. Às vezes se
diz que não podemos falar de justiça em Deus, porque não há lei à qual Ele
esteja sujeito. Mas, embora não haja lei acima de Deus, certamente há uma lei
na própria natureza de Deus, e esta constitui o mais elevado padrão possível,
pelo qual todas as outras leis são julgadas. Geralmente se faz distinção entre
a justiça absoluta de Deus e a relativa. Aquela é a retidão da natureza divina,
em virtude da qual Deus é infinitamente reto em Si mesmo, enquanto que esta é a
perfeição de Deus pela qual Ele se mantém contra toda violação da Sua santidade
e mostra, em tudo e por tudo, que Ele é Santo. É a esta retidão que o termo “justiça”
se aplica mais particularmente. A justiça se manifesta especialmente em dar a
cada homem o que lhe é devido, em tratá-lo de acordo com os seus merecimentos.
A inerente retidão de Deus é naturalmente básica para a retidão que Ele revela
no trato de Suas criaturas, mas é especialmente esta última, também denominada
justiça de Deus, que requer especial consideração aqui. Os termos hebraicos
para “justo” e “justiça” são tsaddik, tsedhek e tsedhakah, e os
termos gregos correspondentes são dikaios e dikaiosyne, todos os quais contêm a
ideia de conformidade a um padrão. Esta perfeição é repetidamente atribuída a
Deus na Escritura, Ed 9.15; Ne 9.8; Sl 119.137; 145.17; Jr 12.1; Lm 1.18, Dn
9.14; Jo 17.25; 2 Tm 4.8; 1 Jo 2.29; 3.7; Ap 16.5.
b.
Distinções aplicadas à justiça de Deus. Há em primeiro lugar uma justiça rectoral de Deus.
Esta justiça, como está implícita no nome, é a retidão que Deus manifesta como
o Governador que exerce domínio tanto sobre o bem como sobre o mal. Em virtude
de Sua justiça rectoral, Deus instituiu um governo moral no mundo, e impôs ao
homem uma lei justa, com promessas de recompensa ao obediente e ameaças de
punição ao transgressor. No Velho Testamento Deus sobressai pro eminentemente
como o Legislador de Israel, Is 33.11, e do povo em geral, Tg 4.12, e Suas leis
são justas, Dt 4.8. A Bíblia refere-se a esta obra rectoral de Deus também em
Sl 99.4 e Rm 1.32.
Estreitamente
relacionada com a justiça rectoral de Deus está a Sua justiça distributiva.
Este termo habitualmente serve para designar a retidão de Deus na execução da
lei, e se relaciona com a distribuição de recompensas e punições, Is 3.10, 11;
Rm 2.6; 1 Pe 1.17. É de duas classes:
(1) Justiça remunerativa, que se
manifesta na distribuição de recompensas a homens e anjos, Dt 7.9, 12, 13; 2 Cr
6.16; Sl 58.11; Mq 7.20; Mt 25.21, 34; Rm 2.7; Hb 11.26. É realmente uma
expressão do amor divino distribuindo a Sua generosidade, não com base em
méritos propriamente ditos, pois a criatura não pode dar prova de nenhum mérito
absoluto diante do Criador, mas segundo promessa e acordo, Lc 17.10; 1 Co 4.7.
As recompensas de Deus são fruto da sua graça e decorrem de uma relação pactual
estabelecida por ele.
(2) Justiça retributiva, que se
relaciona com a imposição de castigos. É uma expressão da ira divina. Enquanto
que num mundo isento de pecado não haveria lugar para a sua aplicação,
necessariamente tem proeminente lugar num mundo cheio de pecado. A Bíblia em
geral dá mais ênfase à recompensa dos justos que à punição dos ímpios; mas
mesmo esta é bastante proeminente, Rm 1.32; 12.19; 2 Ts 1.8, e muitas outras
passagens.
Deve-se
notar que, ao passo que o homem não merece a recompensa que recebe, merece a
punição que lhe é dada. A justiça divina está originária e necessariamente
obrigada a punir o mal, não porém a recompensar o bem, Lc 17.10; 1 Co 4.7; Jo
41.11. Muitos negam a estrita justiça punitiva de Deus e alegam que Deus pune o
pecador para reformá-lo, ou para dissuadir outros de pecar; mas estas posições
não são sustentáveis. O propósito primordial da punição do pecado é a
manutenção do direito e da justiça. É certo que ela pode, incidentalmente,
servir para reformar o pecador e impedir que outros pequem, e, secundariamente,
isso pode estar incluído em seus propósitos.
ATRIBUTOS
DE DEUS, QUE SÃO INCOMUNICÁVEIS
SIMPLICIDADE divina, na teologia é o atributo
segundo o qual Deus não é constituído de partes. O conceito de simplicidade
divina pode ser descrito da seguinte forma: o ser de Deus é idêntico aos seus
atributos. Em outras palavras, características como onipresença, bondade, amor,
eternidade, e outras, são idênticas ao ser divino e não qualidades que o
definem.
ONIPOTÊNCIA designa a propriedade de um ser
capaz de fazer tudo. É comum a utilização deste termo para designar o poder de
Deus, nas religiões judaica, cristã e muçulmana. Na mitologia grega era
atribuída aos deuses criadores (primordiais), junto da Onisciência e
Onipresença.
A
Onipotência é um dos atributos incomunicáveis do ser divino. Diz-se
incomunicável, pois se refere a um atributo constituinte da natureza mesma de
Deus, diferente dos chamados "atributos comunicáveis", tais como
amor, sabedoria, santidade, os quais podem ser comunicados e compartilhados
pelas suas criaturas.
A
onipotência de Deus é aquela perfeição divina pela qual Deus pode, pelo mero
exercício de sua vontade, realizar tudo quanto Ele resolve levar a efeito,
Salmos 115.3. A questão não é o que Deus pode fazer, mas o que Ele quer fazer.
Deus não
usa todo seu poder - Ele poderia fazer mais do que fez, se quisesse, ou fazer,
se quiser. Ele tem poder sobre seu próprio poder.
ONIPRESENÇA é a capacidade de estar em todos
os lugares ao mesmo tempo. Em teologia, a onipresença é um atributo divino
segundo o qual Deus está presente em todos os pontos da criação. Em conjunto à
simplicidade divina, pode-se dizer que Deus está totalmente presente em cada
ponto do universo.
“Deus é
ilimitado quanto ao espaço. Não tem tamanho nem dimensões espaciais e está
presente em cada ponto do espaço com todo o seu ser; ele, porém, age de modos
diversos em lugares diferentes.”
Deus está
presente em todo lugar – (Jer 23: 23-24; Sl. 139:7-8), com todo o seu Ser –
(Atos 17 :28).
Nele tudo subsiste – (Colossenses 1: 17)
Nele tudo subsiste – (Colossenses 1: 17)
Deus não
tem dimensões espaciais – ( 1 Reis 8:27; Isaías 66:1-2; Atos 7:48)
Deus pode
estar presente para: punir (Amós 9:1-4) ; sustentar (Col. 1:17); abençoar ( Sl
16:11; João 14:23)
ONISCIÊNCIA é a capacidade de saber tudo
infinitamente (ad infinitum), incluindo pensamentos, sentimentos, vida,
passado, presente, futuro, e todo universo, etc.
A
onisciência é um conceito vastamente aplicado nas artes, como na literatura e
em produções cinematográficas. Na maioria das religiões monoteístas esta
habilidade extraordinária é tipicamente atribuída a um único Deus supremo, onde
o conceito da onisciência se mantêm tradicionalmente como uma verdade absoluta
(i.e no cristianismo e no islamismo).
Deus
conhece todo o universo criado - matéria e espírito - na sua vastidão
inconcebível, complexidade, a minúcia de suas partes, a sutileza dos
pensamentos, a volição. Conhece tanto o possível como o real, existente, como
se lê na Bíblia Sagrada, Isaías 48.18; o futuro como o presente está na sua
presença, Salmos 139. 2-4, Salmos 147.3e4.
ASSEIDADE (do latim a se, "por si) ou
asseidade (forma não-preferível) é atributo divino essencial e fundamental, que
consiste precisamente em derivar sua existência de si mesmo, ou, identicamente,
existir por si próprio, sem qualquer nexo exigível ou necessário de causalidade
e efetividade, e vem a ser, na compreensão teológica, prerrogativa exclusiva de
Deus, em razão do que é um dos atributos incomunicáveis.
VIVACIDADE-
O Deus
bíblico se nos apresenta como Deus vivo. Dezenas de incidências do equivalente
à expressão ´´Deus vivo´´ ou ´´assim como Eu vivo´´ aparecem na
Bíblia, como mensagem direta de Deus ou por mensagem indireta de profetas ou
apóstolos.
MATERIALIDADE
- É consequência
da vivacidade.
INDEPENDÊNCIA - “Deus não precisa de nós nem
do restante da criação para nada; porém, tanto nós quanto o restante da criação
podemos glorificá-Lo e dar-lhe alegria.” (Atos 17.24-25; Jó 41.11; Salmo
50.10-11)
É
possível que Deus tenha criado os seres humanos porque se sentia só e precisava
da companhia de outras pessoas? Caso a resposta seja positiva, Deus
necessitaria criar pessoas para ser plenamente feliz ou realizado em sua
existência individual; o que contraria o ensino bíblico em João 17:5 e 24,
quando há uma indicação de um compartilhamento de glória entre Pai e Filho e
uma expressão evidente de amor e comunicação, antes mesmo da criação. Mas, se
Deus, por sua independência e suficiência própria, não precisa de nós para
nada, então qual a nossa importância afinal? E a criação para que serve? Em Seu
pleno exercício de liberdade, Deus determinou a nossa importância escolhendo
nos criar para glorificá-LO. (Is. 43:7; Efésios 1:11-12; Apoc. 4:11; Is
62:3-5). O espantoso em nossa existência é que, sem precisar de nós, Ele
escolheu deleitar-se conosco e nos permite dar alegria ao seu coração.
(Sofonias 3:17). Isso nos faz importantes do jeito mais sublime.
UNIDADE - "Deus não está dividido
em partes; porém, percebemos atributos diversos de Deus enfatizados em momentos
diferentes”. Embora as escrituras falem dos atributos de Deus, não destaca
um deles como mais importante que outros. Por exemplo: Deus é amor (1 João
4:8), Deus é luz (1 João 1:15). No entanto, não significa que parte de Deus é
amor e parte de Deus é luz, Ele é todo amor, todo luz.
IMUTABILIDADE
OU INALTERABILIDADE - “Deus
é imutável no seu ser, nas suas perfeições, nos seus propósitos e nas suas
promessas; porém, Deus age e sente emoções, e age e sente de modos diversos
diante de situações diferentes.”
1.
Evidências Bíblicas: (Salmo
102:25-25; Malaquias 3:6; Tiago1:17) Deus é anterior a todas as coisas e
existirá muito depois de todas elas, Ele faz mudar o universo mas, contrastando
com essa mudança, “Ele é o mesmo”. Ele é imutável, com respeito ao seu
“Ser” e com respeito às suas “perfeições”, ou seja, em seus
atributos e seu caráter ele é imutável (Números 23:19 cf. I Samuel 15:29).
2. A
Importância da Imutabilidade Divina: Se Deus não é imutável, então todo fundamento de
nossa fé começa a ruir e nosso entendimento do universo desmorona, porque nossa
fé, esperança e nosso conhecimento, dependem, em última análise de uma pessoa
infinitamente digna de confiança; pois é absoluta e eternamente imutável no seu
ser, nas suas perfeições, nos seus propósitos e nas suas promessas.
ETERNIDADE
OU INFINITUDE DIVINA -
“Deus não tem princípio nem fim nem sucessão de momentos no seu próprio ser, e
percebe todo tempo com igual realismo; ele, porém, percebemos acontecimentos no
tempo e age no tempo, ou seja: o tempo não impõe limites a Deus.”
O tempo
não muda para Deus; não tem efeito sobre seu ser, suas perfeições, seus
propósitos, suas promessas; não exerce influência sobre o conhecimento divino;
nada lhe acrescenta ou subtrai. Ele jamais aprende coisas novas ou esquece.
1. Deus é
Eterno no Seu Próprio Ser. (Sl. 90:2; Jó 36:26; Apoc 1:8 e 4:8)
Jesus
afirma sua eternidade em João 8:58 quando diz: “Antes que Abraão existisse, EU
SOU. Reafirmação esta do nome de Deus (Ex 3:14) “Eu Sou o que Sou” nome que
implica em contínua existência presente.
1
- Deus Percebe todo Tempo com Igual Realismo (Salmo 90:4 e II Pedro 3:8) - Sua
vivência não experimenta uma sucessão de momentos. É como se esse dia jamais
terminasse, mas estivesse sempre sendo vivido, logo Deus tem uma vivência
‘qualitativamente distinta’ do tempo em comparação conosco. (Isaías 46:9-10).
De algum modo Deus permanece acima do tempo e é capaz de vê-lo todo como
presente na sua consciência.
2 - Deus
Percebe os Acontecimentos no Tempo e Age no Tempo (Gálatas 4:4-5). No tempo
oportuno! Atos 17: 30-31 é uma descrição de uma ação anterior no seu modo de
agir, uma ação no presente e outra no futuro, tudo no tempo.
3 -
Sempre Existiremos no tempo – (Apocalipse 22:5) - Experimentaremos vida eterna
não como uma reprodução do atributo divino de eternidade, mas numa duração
infindável de tempo; vivenciaremos plenitude de alegria na presença de Deus
quando nossa vida com ele continuará para sempre.
É
importante concluir este estudo, destacando que,
- O ser divino não é uma
coleção de atributos reunidos.
- Os atributos não são
acréscimos ao seu verdadeiro ser.
- Cada um dos diferentes
atributos divinos é simplesmente uma forma de descrever um aspecto do
caráter ou ser total de Deus. Há uma unicidade, uma pessoa integral,
unificada, integrada e infinitamente perfeita em todos esses atributos.
Questões
para reflexão e aprofundamento:
1. Vimos que em sua independência,
Deus não precisa de nós para nada. Isso nos torna insignificantes? Por quê?
Como isso afeta sua vida?
2. Como considerar acerca da
imutabilidade do caráter divino pode transformar a minha vida cotidiana e o meu
relacionamento com Ele?
3. Reflita sobre a unidade do caráter
divino e então compartilhe como você percebe a bondade e a severidade (justiça)
de Deus? Romanos 11: 22-23
4. Como a consciência de que Deus
está presente em todo lugar (onipresença), e conhece todas as coisas
(onisciência), pode influenciar o seu modo de viver e de se relacionar com Ele
e com os outros? Salmo 139
Fontes
Referenciais:
Louis
Berkhof, Teologia Sistemática, Editora Cultura Cristã.
A Bíblia
Anotada
GRUDEN,
Wayne. Teologia Sistemática. Ed.Vida Nova.
Compilação
e edição do Pr. Ubirajara Quintino*
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